sábado, 22 de outubro de 2011

A obra

Noite de Quinta-Feira - 21 de Março de 1867

"Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar" (João 9.4).

Vocês observam que uma pergunta especulativa fora postulada diante de nosso Senhor, e que sua resposta a ela é: "Devo trabalhar." Seus discípulos querem saber algo a respeito do fato misterioso, que algumas pessoas nascem em uma situação infeliz - cegas, surdas ou mudas - e por terem sido enviadas a este mundo em situações tão desvantajosas. Vocês não gostariam de saber? Vocês não gostariam que o Salvador tivesse esclarecido todo esse mistério? Existem tantos aspectos controvertidos sobre essa questão, que dificilmente poderia haver um tema mais sugestivo. Por certo, ele poderia nos ter iluminado muito mais do que Sócrates ou Platão. Com semelhante oportunidade tão nobre, por que não se adiantou logo no labirinto da metafísica, ou começou a expor a predestinação e a tratar dos aspectos nos quais esta concorda ou discorda com o livre arbítrio? Aí estava uma oportunidade nobre para interpretar todas as maravilhas da soberania divina e da causalidade natural. Por que ele não passou imediatamente a abrir tudo isso diante do povo. Não; com uma resposta bastante brusca, ele se volta para eles e diz: "Eu preciso trabalhar; vocês podem ficar pensando; vocês podem falar; vocês podem discutir, mas eu devo trabalhar. Vocês podem se entregar, caso não saibam fazer coisa melhor, à ocupação inferior das discussões ruidosas a respeito das palavras, mas eu devo trabalhar. Tenho chamadas mais nobres para atender do que obedecer àquelas que chegam aos seus ouvidos carnais."

Entendemos, portanto, que o Salvador respeita mais o trabalho do que a especulação; que quando ele entra no mundo, ele irá a todos os pensadores poderosos e aos cavalheiros que constantemente produzem idéias novas, com maravilhosos pormenores de sutileza, e os pesará na balança, avaliando-os como lixo; mas quando acha uma única pessoa que trabalha, uma pobre viúva que contribuiu com suas duas moedinhas, um pobre santo que falou em favor de Cristo e foi o meio de uma alma ser convertida, ele pegará essas obras, feitas por amor a ele, como grãos preciosos de ouro valioso. Podemos dizer, a respeito do campo do empreendimento e da obra em favor de Cristo, assim como está escrito a respeito da terra de Havilá: "O ouro daquela terra é bom", e Cristo o considera assim. Ele avalia em alto preço a obra da fé e a labuta do amor feita para ele.

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